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Global Football Wyscout Recruiting

5 transferências inteligentes que podem ter passado ao lado

8 min Read

Usamos o Hudl Wyscout para identificar algumas das melhores trans­fer­ên­cias menos mediáticas de todo o mundo.

Embora as transferências milionárias e as longas novelas mediáticas tenham dominado os títulos durante o verão, não faltaram exemplos de clubes astutos a movimentarem-se com inteligência no mercado.

Quer seja aproveitando ligas pouco exploradas, adotando uma política centrada nos jovens ou reinvestindo de forma criteriosa, uma abordagem integrada de scouting e recrutamento que utilize vídeo e dados pode revelar-se de enorme valor.

Com isto em mente, olhamos mais de perto para cinco transferências inteligentes que não tiveram tanta atenção mediática, mas que poderão revelar-se escolhas muito acertadas.

Aleksandar Stanković (do Inter para o Club Brugge)

Uma das características desta janela de transferências foi o número de jovens talentos sérvios a protagonizar mudanças de relevo.

Andrija Maxsimović e Lazar Jovanović deixaram o Crvena Zvezda para o RB Leipzig e o VfB Stuttgart, respetivamente, enquanto a dupla do Čukarički, Mihaljo Cvetković e Andrej Bacanin, seguiu para Anderlecht e Basileia.

Talvez o mais interessante de todos seja a contratação do médio defensivo de 20 anos Aleksandar Stanković pelo Club Brugge. Filho da lenda sérvia Dejan, Aleksandar nunca chegou a jogar pela equipa principal do Inter, mas convenceu durante o empréstimo ao Luzern, da Superliga suíça.

Stanković ocupa o espaço entre a defesa e o meio-campo, identifica a corrida nas costas do lateral direito e recua para anular o perigo.

Alto, robusto e tecnicamente sólido, Stanković encaixa perfeitamente na descrição de um “punho de ferro em luva de veludo”. O vídeo mostra a sua leitura de jogo, as qualidades de liderança e a capacidade de recuperar a bola. No ataque, destaca-se pelo passe longo e pela ameaça que representa nas bolas paradas.

O Brugge espera repetir a proeza conseguida com outro ex-Luzern, Ardon Jashari, contratado por 6 milhões de euros e transferido depois para o Milan por cerca de 30 milhões.

Isto demonstra não apenas a competência do Brugge no mercado — tendo ainda vendido Maxim de Cuyper e Chemsdine Talbi por 20 milhões cada — mas também o valor e o retorno que podem resultar de um recrutamento inteligente na liga suíça.

Se Stanković seguir o mesmo caminho de Jashari, o Brugge terá um retorno muito positivo do investimento de 9,5 milhões de euros.

Stanković é jovem mas, ao mesmo tempo, um pouco à moda antiga: fisicamente forte e dá equilíbrio. Tem um bom passe longo para mudar o jogo, bate bem bolas paradas e é forte no jogo aéreo. O Inter assegurou uma percentagem de revenda futura e uma opção de recompra — quem sabe se daqui a um ou dois anos não terão de pagar para o trazer de volta… Daniele Manusia - L’Ultimo Uomo

Álvaro Montoro (do Vélez Sarsfield para o Botafogo)

Os atuais campeões da CONMEBOL Copa Libertadores, o Botafogo, tiveram uma janela de transferências agitada, perdendo jogadores-chave como Igor Jesus, Thiago Almada e Jair Cunha. Responderam com várias contratações de alto perfil, mas é um jovem talento ainda pouco testado que chama a atenção.

O extremo argentino de 18 anos, Álvaro Montoro, chegou do Vélez Sarsfield por cerca de 7,9 milhões de euros — uma quantia significativa, mas bem abaixo dos valores investidos em outros jovens talentos sul-americanos como Franco MastantuonoEstêvão.

Ao ver os vídeos no Hudl Wyscout, destaca-se a sua capacidade de drible longo e controlo de bola excecional. Excelente em situações de 1v1 e a sair de situações apertadas, Montoro destaca-se nos dribles por 90 minutos e na taxa de sucesso.

Importante: o jovem extremo esquerdo já apresentou resultados concretos. Três golos e uma assistência em 147 minutos de Libertadores pelo Vélez demonstram a sua capacidade de impactar imediatamente no futebol sénior.

O facto de Montoro se ter transferido dentro da América do Sul, em vez de para a Europa, passou despercebido. Mostra também a tendência dos clubes brasileiros de identificar os melhores jovens talentos dos seus rivais históricos precocemente.

Apenas seis meses na equipa principal do Vélez foram suficientes para que o Botafogo usasse o seu maior poder de compra e garantisse Montoro — outro exemplo da diferença financeira entre os países. Para os jovens argentinos, o Brasil é cada vez mais visto como um passo importante em termos de visibilidade, salário e possibilidade de sucesso continental.

Houve um tempo em que os clubes argentinos só se preocupavam com os europeus, mas mais uma vez, o poder financeiro do Brasil retirou uma potencial estrela ao Vélez Sarsfield. O jovem de 18 anos começou bem com o Botafogo e agora pode ajudar o Fogão a defender o título do Brasileirão. Peter Coates - Golazo Argentino

Junnosuke Suzuki (do Shonan Bellmare para o FC Copenhaga)

Os olheiros já se tinham voltado a olhar para a J1 League  há algum tempo, e a cada mercado de transferências um fluxo constante de talentos japoneses segue rumo à Europa.

Pro League belga continua a ser um destino de eleição, como demonstram as chegadas recentes de Taishi Brandon Nozawa, Taiga Hata, Kaito Matsuzawa e Isa Sakamoto. Mas a Superliga dinamarquesa começa a ganhar terreno.

«Os clubes dinamarqueses continuam atentos às ligas japonesas», explica Steve Wyss, especialista em futebol escandinavo. «O Brøndby, por exemplo, contratou Yuito Suzuki ao Shimizu S-Pulse por apenas 600 mil libras há dois anos, vendendo-o este verão ao Freiburg, da Bundesliga alemã, por cerca de 10 milhões. Fica claro o quão rentável pode ser apostar em jogadores dessa região da Ásia.»

Yuito Suzuki recebe a bola num espaço reduzido, roda sobre si próprio e entrega rapidamente ao avançado. Dá seguimento à jogada, combina num dois-toques com um calcanhar inteligente e, depois de criar espaço, remata forte para o fundo das redes.

Sem surpresa, o Brøndby voltou ao mercado japonês e contratou Shō Fukuda e Kotaro Uchino – este último especialmente curioso, pois chegou diretamente da Universidade de Tsukuba, sem passar pela J1 League.

O campeão em título da Superliga, o FC Copenhaga, também não ficou atrás e contratou o defesa-central de 22 anos Junnosuke Suzuki por pouco mais de 1 milhão de euros.

Internacional japonês, já com cerca de 60 jogos pelo Shonan Bellmare, Suzuki atuou sobretudo no lado esquerdo de uma linha defensiva a três e torna-se o primeiro jogador japonês a representar o Byens Hold.

Nas suas exibições analisadas no Hudl Wyscout destacam-se a postura proativa, a velocidade de recuperação, o posicionamento e a capacidade de progredir com bola, seja pelo passe ou conduzindo – fruto, sem dúvida, da experiência anterior como médio.

Junnosuke Suzuki está no top 5 de passes progressivos na J1 League 2025 – Rankings Wyscout

Embora a contratação de Kōta Takai pelo Tottenham tenha sido provavelmente o grande destaque da J1 League nesta janela, Suzuki – adquirido por uma fração do valor – pode muito bem revelar-se tão bom quanto, ou até melhor.

Chema Andrés (do Real Madrid o VfB Stuttgart)

Um negócio envolvendo o Real Madrid dificilmente passa despercebido, mas a contratação de Chema Andrés pelo Estugarda por 3 milhões de euros é, sem dúvida, uma operação brilhante por parte Die Roten

Médio recuado com capacidade de comandar o jogo, Chema alia físico, passe preciso e inteligência tática, sendo já comparado ao vencedor da Bola de Ouro, Rodri.

Contudo, com apenas algumas aparições pela equipa principal, a maior parte da sua experiência provém da equipa B do Real Madrid, o Castilla, e de torneios de jovens como o COTIF 2023 e o Europeu Sub-19 de 2024.

Mapa de recuperações de Chema - Wyscout Player Report

Para além das qualidades individuais, esta transferência insere-se numa estratégia mais ampla do Estugarda. Além do já referido Jovanović, o clube contratou também Noah Darvich, vindo da academia do Barcelona. Recrutar dois talentos de elite provenientes dos dois maiores clubes de Espanha não é coincidência.

Ao oferecer minutos garantidos na equipa principal sob a orientação do muito valorizado Sebastian Hoeneẞ, o Estugarda conseguiu segurar jovens que podem contribuir desde já, por valores baixos, com potencial de evolução e valorização futura.

Para que esta estratégia funcione, é essencial um trabalho de prospeção abrangente em torneios de jovens, identificando e acompanhando os futuros craques antes que os preços disparem ou outro clube se antecipe. O Wyscout Youth Pack garante essa cobertura, com mais de 190 competições em todo o mundo, para não deixar escapar nenhum talento emergente.

Modou Kéba Cissé (do LASK para o Aston Villa)

Seria fácil não reparar na transferência de Cissé, ofuscada pelo ruído constante do mercado da Premier League. O Aston Villa começou devagar esta janela, mas um dos primeiros reforços foi o defesa senegalês, contratado ao LASK (Bundesliga austríaca) por 5 milhões de euros e imediatamente emprestado de volta para a temporada.

Acabado de fazer 20 anos, é um central alto e elegante, que cobre muito espaço com passadas longas. Ao analisar os vídeos, destacam-se a sua capacidade no jogo aéreo, a postura proativa e os lançamentos diagonais. Ainda por lapidar, tem no entanto a velocidade necessária para corrigir erros e os atributos que se procuram num jovem defesa.

Aqui vemos Cissé num duelo 1x1: usa a velocidade para proteger o espaço, mantém boa postura corporal e não se precipita. No momento certo faz o desarme, deixa o adversário no chão, levanta-se rapidamente, recupera a bola e alivia em carrinho.

Este movimento insere-se também na estratégia definida por Monchi, presidente das operações de futebol do Aston Villa, focada na identificação de jovens talentos em ligas diversificadas – como mostram também as chegadas de Yeimar Mosquera (Colômbia) e Yasin Özcan (Turquia). Cissé é um exemplo claro de como o talento africano pode ser descoberto e ascender rapidamente às principais ligas europeias.

Descoberto inicialmente pelo Real Ávila, clube da quarta divisão espanhola, num torneio de jovens no Senegal, onde representava a Be Sport Academy, Cissé foi contratado pelo LASK menos de seis meses depois. Apenas um ano mais tarde, o Aston Villa levou-o. Do Senegal à Premier League em 18 meses.

Cissé registou a terceira melhor percentagem de duelos aéreos ganhos na Bundesliga austríaca na última época

Um percurso semelhante seguiu El Hadji Malick Diouf, contratado pelo West Ham, que passou pelo habitual percurso escandinavo antes de chegar ao Slavia Praga e, depois, aos Hammers – tudo isto em apenas dois anos e meio.

A evolução de Cissé e Diouf demonstra não só o potencial do talento africano – e a importância da sua visibilidade – mas também o valor de mercados como Bélgica, Áustria, Chéquia e Escandinávia para os primeiros passos de jovens jogadores no futebol europeu.

Existem muitos outros exemplos e só o tempo dirá se os jogadores em destaque alcançarão o seu potencial.

Ainda assim, estes cinco movimentos demonstram que recrutar com sucesso não é gastar mais dinheiro, mas sim analisar com inteligência, identificar cedo e transformar essa visão em grandes negócios.

Pronto para transformar os seus processos de recrutamento? Saiba mais sobre como usar o Hudl Wyscout para scouting, recrutamento e avaliação de talentos aqui.