Neste artigo, analisamos como a principal competição da América do Sul é influenciada pelas movimentações no mercado europeu — justamente quando se aproxima a fase decisiva do torneio
O zagueiro Jair Cunha, de apenas 20 anos, chegou do Santos no início de 2025 após se destacar com a Seleção Brasileira Sub-20 - e logo mostrou por que é considerado um dos melhores defensores da nova geração no país. Com 1,98m de altura, Jair impõe respeito pelo alto e se destaca pela técnica com os dois pés - desempenho que salta aos olhos nas análises feitas no Hudl Wyscout. Assim como aconteceu em 2023 com a contratação de Murillo, o Nottingham Forest fez o dever de casa e se mexeu rápido.
Perder jogadores-chave no meio da temporada pode desestabilizar até os elencos mais bem treinados, mas o Botafogo não ficou parado. Em resposta às saídas, o clube agiu com rapidez e contratou quatro reforços com currículo, potencial e algo a provar.
Danilo está de volta ao futebol brasileiro após uma passagem irregular pelo Nottingham Forest. Volante essencial na conquista da Libertadores pelo Palmeiras em 2021, ele chega para dar equilíbrio entre marcação firme e controle da posse. Aos 23 anos, ainda tem margem para evoluir - mas mais importante do que isso: sabe como encarar os desafios dessa competição.
Arthur Cabral, ex-atacante da Fiorentina e do Benfica, chega para assumir o papel de goleador deixado por Igor Jesus. Especialista na grande área e com boas passagens por torneios sul-americanos e europeus, Arthur pode ser o centroavante capaz de prender a defesa adversária e comandar o ataque alvinegro.
Nas pontas ou na meia ofensiva, o colombiano Jordan Barrera adiciona verticalidade e perigo no um contra um. Destaque do Sul-Americano Sub-20 com a Colômbia, o jovem é imprevisível e incisivo - características importantes para furar defesas mais recuadas no mata-mata.
Por fim, o argentino Joaquín Correa chega com experiência, inteligência tática e versatilidade. Aos 31 anos, é um reforço estratégico que pode atuar em qualquer posição do ataque ou até como meia central. As lesões atrapalharam sua regularidade nos últimos anos, mas sua qualidade é indiscutível.
Nas oitavas de final, o Botafogo enfrenta a LDU de Quito - um adversário tradicional, que terminou a fase de grupos na liderança de uma chave que incluía o Flamengo. Apesar disso, os equatorianos chegam com mudanças importantes: o artilheiro Alex Arce, autor de 42 gols em 65 jogos, foi vendido e retornou ao Independiente Rivadavia. Seu substituto, Jeison Medina, precisará melhorar significativamente seu desempenho para suprir essa ausência. No papel, o sorteio parece ter sido favorável ao Botafogo, evitando confrontos mais complicados. No entanto, o jogo de ida na altitude de Quito e o histórico da LDU em competições continentais exigem atenção máxima da equipe de Ancelotti - não há espaço para acomodação.
O poder de atração do Brasil: gigantes tradicionais se reforçam com talentos da Europa
Os clubes brasileiros têm dominado o cenário da Libertadores nos últimos anos - e essa tendência parece longe de terminar. Cada um dos seis últimos campeões e 10 dos últimos 12 finalistas vieram do Brasil.
A força relativa da economia no continente, a solidez do campeonato nacional e as chances reais de sucesso continental tornaram o país um destino atrativo para jogadores que atuam na Europa e buscam seguir competindo em alto nível, aumentar sua visibilidade e continuar sendo bem remunerados.
Quem melhor representa esse movimento é o Flamengo. Mesmo com uma fase de grupos abaixo das expectativas - que incluiu uma surpreendente derrota em casa para o modesto Central Córdoba, da Argentina - o Rubro-Negro lidera o Brasileirão e tem sido o clube mais agressivo no mercado de transferências.
As saídas milionárias de Gerson para o Zenit e Wesley para a Roma tiraram dois titulares importantes do elenco, mas o clube agiu rápido e com ambição. Jorginho, Saúl Ñíguez, Emerson Royal, Samuel Lino e Jorge Carrascal chegam com bagagem de alto nível e experiência em grandes ligas europeias, enquanto as conversas continuam por Lucas Beltrán, atacante da Fiorentina.
É uma reformulação que oferece profundidade e qualidade, mas que também levanta dúvidas quanto à química do grupo - com pouco tempo para encaixar as novas peças antes dos desafios mais duros. E esse desafio já chegou: o Flamengo enfrenta o Internacional nas oitavas, em um duelo que tem cara de semifinal e que certamente eliminará um dos favoritos muito antes do esperado.
Palmeiras: vítimas do próprio sucesso?
Mesmo com o poder de atração dos grandes clubes brasileiros, a janela de transferências europeia ainda pode enfraquecer até os principais candidatos ao título da Libertadores - comprometendo suas chances justamente na fase mais decisiva da competição.
O Palmeiras tem sido um exemplo de consistência continental e busca sua quarta conquista da Libertadores, após encerrar a fase de grupos com 100% de aproveitamento.
O Verdão passou com autoridade, somando seis vitórias em seis jogos sob o comando de Abel Ferreira - um técnico que sabe exatamente o que é preciso para vencer o torneio. E, surpreendentemente, Abel está prestes a completar cinco anos à frente do clube - um raro exemplo de estabilidade no conturbado cenário do futebol sul-americano.
Apesar do início impecável, a janela de meio de ano trouxe desafios para o Palmeiras. O clube chamou atenção no início da temporada com contratações de peso como Vitor Roque, Paulinho e Facundo Torres - mas nenhum deles ainda conseguiu se firmar como protagonista. E o verão marcou saídas importantes. Estêvão, grande promessa e artilheiro do time nesta edição da Libertadores com quatro gols, enfim concretizou sua aguardada transferência para o Chelsea. Já o meio-campista Richard Ríos, destaque no Mundial de Clubes, foi negociado com o Benfica.
Aliás, a inclusão do novo Mundial no calendário pode trazer um impacto adicional para a janela de transferências, ao aumentar a visibilidade dos jogadores sul-americanos e servir como mais uma vitrine que pode atrair clubes europeus pouco antes do início do mata-mata.
Em termos de reforços, o único nome de maior peso até agora é o ponta Ramón Sosa. Contratado junto ao Nottingham Forest, o paraguaio chega com velocidade, objetividade e forte capacidade no um contra um pelas beiradas do campo. Ainda assim, com o elenco perdendo peças importantes neste verão, fica a sensação de que o Palmeiras ainda pode voltar ao mercado antes do fechamento da janela.
Diante das promessas empolgantes em campo, a Libertadores continua sendo uma competição excelente para identificar talentos em ascensão — com todos os jogos disponíveis na completa biblioteca de vídeos do Hudl Wyscout, além de diversas outras competições profissionais e de base da CONMEBOL.
Reinvestindo o caixa
Embora perder talentos de destaque durante a janela europeia seja inevitável para muitos clubes da Libertadores, isso pode representar uma oportunidade para reforçar significativamente o elenco visando a conquista do título e, em alguns casos, enfraquecer um rival no processo.
Um bom exemplo é o River Plate. Talvez - mas por pouco - o clube argentino continue sendo o único fora do Brasil com músculo financeiro para competir no mais alto nível. A recente venda da promessa Franco Mastantuono ao Real Madrid injetou uma grande quantia em caixa em um clube que vem se tornando cada vez mais eficiente em monetizar seus jogadores da base. Essa flexibilidade financeira permitiu que o River atuasse de uma forma que poucos clubes argentinos conseguem hoje.
Os Millonarios causaram certo rebuliço ao acionar a cláusula de rescisão de Maxi Salas, do Racing Club, para reforçar o ataque, e o retorno do ídolo da torcida Juan Fernando Quintero traz um velho conhecido para criar jogadas. Além disso, os recursos vindos da venda de Mastantuono foram usados para fortalecer a defesa com o zagueiro firme Juan Carlos Portillo e o incansável volante Matías Galarza, ambos vindos do Talleres. O surgimento dos jovens Santiago Lencina e Juan Cruz Meza também trouxe fôlego novo ao time.
Se essas movimentações serão suficientes para elevar o River, que ainda busca fluidez ofensiva, só o tempo dirá. Mas o teto do clube continua alto, talvez o mais alto entre os fora do Brasil.
O caminho do River até as quartas de final parece tranquilo, com um confronto nas oitavas contra o Libertad, do Paraguai, que se espera que passem sem grandes problemas. Porém, como a dolorosa eliminação na semifinal contra o Atlético Mineiro deixou claro no ano passado, o verdadeiro teste para o time de Gallardo está nas partidas contra os clubes brasileiros. É nessas decisões de alta pressão que o River precisa mostrar que realmente reduziu a diferença.
Embora esta janela de transferências tenha sido focada no fortalecimento das chances de título dos clubes, a Copa Libertadores segue sendo uma das competições mais férteis para o scouting mundial. Para times de todo o planeta, é um torneio que revela talentos emergentes, desde promessas das categorias de base até veteranos subvalorizados prontos para um novo capítulo. Seja por uma contratação calculada no meio da temporada ou pelo surgimento de uma jovem estrela, as fases eliminatórias oferecem um palco onde reputações se consolidam e onde o restante do mundo do futebol deve estar de olho.
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